O Beta merece reflexão
Esta é uma semana muito atípica, pois ninguém consegue ficar indiferente à invasão da Ucrânia pela Rússia. Verdadeiramente, apetecia-me escrever sobre o que me vai na alma sobre esta guerra estúpida.
Mas pronto, vamos voltar ao beta.
Esta na moda da avaliação
imobiliária a utilização dos “beta” para a estimativa do CAPM, integrado ou não
na “wacc”. Eu também me incluo nessa moda.
Por necessidade do meu trabalho,
dei-me a reparar no ficheiro disponibilizado por Damodaram e resolvi espreitar
os valores de “beta” para Hotel/Gaming, Real Estate (Development), Real Estate
(General/Diversified) e Real Estate (Operations & Services) e a sua
evolução ao longo dos últimos anos. Estes valores estão sintetizados no gráfico
seguinte:
-Não é de admirar o aumento substancial
na rúbrica “Hotel/Gaming” Resultado da crise pandémica.
-É de estranhar a grande
aproximação entre as outras rúbricas. Se em 2017 existia uma grande diferença para
“Real Estate (Development)”, essa diferença foi-se esbatendo. Acredito que
deveria existir uma correlação direta.
-Todos nós temos notado aumentos
de rentabilidades e de valor em praticamente todos os setores de investimento
imobiliário. Não deveria ter um efeito positivo?
-Existe uma verdade na estimativa
de valor por meio de DCF´s. A fase da construção tem um risco bem superior à
fase da operação. Ao olharmos para o gráfico, essa superioridade quase não
existe.
Esta reflexão pretende alertar que
o perito avaliador de imóveis deve ter
espirito crítico quando utilizamos estes conceitos, que não podem ser
utilizados de uma forma cega.
Para terminar, recordo um extrato
de um artigo que escrevi sobre a temática do “beta”:
“O Beta serve essencialmente para
medir o risco não diversificável, também chamado de risco sistemático ou de
mercado. No fundo, é componente do risco total de um ativo que não podemos
eliminar através de diversificação – ou seja, pela diversificação da nossa
carteira de ativos – e que se deve à existência de fatores comuns de variação
do preço dos diferentes ativos.”
Sobre o autor
(Este artigo foi elaborado por
João Fonseca, perito avaliador de imóveis e perito avaliador de máquinas e
equipamentos, registado na CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários)
com o registo PAI/2010/0019, membro 7313161 do RICS (Royal Institution of
Chartered Seurveyors), RICS Registered Valuer, membro da TEGoVA e European
Registered Valuer REV-PT/ASAVAL/2023/8, Vogal do Conselho Fiscal, Disciplinar e
Deontológico da ANAI (Associação
Nacional de Avaliadores Imobiliários), Membro do Conselho Científico ANAI
(Associação Nacional de Avaliadores Imobiliários), da Perito da Bolsa de
Avaliadores da Câmara Municipal de Lisboa, Associate Thinker no blogue
out-of-the-boxthinking.blogspot.pt. É coautor do livro “Reabilitação urbana
sustentável”, ISBN 978-989-8414-10-6. Possui uma Pós-Graduação em “Gestão e
Avaliação no Imobiliário” pela Católica Porto Business School e tem o curso de
formação em “Avaliação Imobiliária” pela Escola Superior de Atividades
Imobiliárias. Tem escritórios na Rua Pinto Bessa, 522, RC, Centro, Esquerdo,
4300-428 Porto e na Rua Visconde de Santarém, 75 C, 1000-286 Lisboa. É formador
em avaliação imobiliária na empresa Domínio Binário. A Lei n.º 153/2015 de 14
de setembro regula o acesso e o exercício da atividade e a profissão dos
peritos avaliadores de imóveis que prestem serviços a entidades do sistema
financeiro nacional.)
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