Não se esqueçam que as propriedades de investimento têm que ser avaliadas ...
(é mesmo obrigatório avaliar …)
As propriedades de investimento terão uma importância
vital nos contas que as empresas apresentarão no relato financeiro em preparação.
É um facto a tendência em não se atualizarem devidamente
os valores dos imóveis, qualquer que seja a classe contabilística onde estão
inseridos. No caso das propriedades de investimento é tanto mais grave porque
se prejudica o resultado do exercício.
Alguns tipos de imóveis, lembramos, tiveram valorizações
no ano transato.
Os ganhos pelo justo valor, nas propriedades de
investimento, quando não revertem perdas anteriores, vão diretamente a
resultados do exercício, o que pode ser uma mais valia para as empresas que se
encontrem em dificuldades, apesar de não esconder os resultados operacionais
negativos, quando eles existem.
A Norma Contabilística e de Relato Financeiro 11, que
trata estas matérias tem por base a Norma Internacional de Contabilidade IAS 40
— Propriedades de Investimento. Relembramos aqui algumas definições
que vêm plasmadas na norma:
“Justo valor: é a quantia pela qual um ativo pode ser
trocado ou um passivo liquidado, entre partes conhecedoras e dispostas a isso,
numa transação em que não exista relacionamento entre elas.
Propriedade de investimento: é a propriedade (terreno ou
um edifício — ou parte de um edifício — ou ambos) detida (pelo dono ou pelo
locatário numa locação financeira) para obter rendas ou para valorização do
capital ou para ambas as finalidades, …”
Define ainda alguns
exemplos de propriedades de investimento:
“(a) Terrenos detidos para valorização do capital a longo prazo e não para
venda a curto prazo no curso ordinário de negócios;
(b) Terrenos detidos para uso futuro ainda não determinado (se uma entidade
não tiver determinado que usará o terreno como propriedade ocupada pelo dono ou
para venda a curto prazo no curso ordinário do negócio, o terreno é considerado
como detido para valorização do capital);
(c) Um edifício que seja propriedade da entidade (ou detido pela entidade
numa locação financeira) e que seja locado segundo uma ou mais locações
operacionais;
(d) Um edifício que esteja desocupado mas detido para ser locado segundo
uma ou mais locações operacionais.”
É muito importante ser recordado que deve ser sempre
determinado o justo valor das propriedades de investimento quer seja ”para a
finalidade de mensuração (se a entidade usar o modelo do justo valor) ou de
divulgação (se usar o modelo do custo).”
Por outro lado, apesar de não ser obrigatório, o justo
valor das propriedades de investimento deve ser estimado ”por um avaliador
independente que tenha uma qualificação profissional relevante e reconhecida e
que tenha experiência recente na localização e na categoria da propriedade de investimento que
esteja a ser valorizada.”
O justo valor da propriedade de investimento
“reflete, entre outras coisas, rendimento de rendas provenientes de
locações correntes e pressupostos razoáveis e suportáveis que representem
aquilo que entidades conhecedoras e dispostas a isso assumiriam acerca de
rendimentos de rendas de futuras locações à luz de condições correntes.Também
reflete, numa base semelhante, quaisquer exfluxos de caixa (incluindo
pagamentos de rendas e outros exfluxos)”.
Articulando esta noção com o estipulado no
artigo 45 “ … O vendedor disposto a isso está motivado a vender a
propriedade de investimento nos termos do mercado pelo melhor preço
possível...“, com o estipulado no artigo 47 “A melhor evidência de justo valor
é dada por preços correntes num mercado ativo de propriedades semelhantes
no mesmo local e condição e sujeitas a locações e outros contratos semelhantes…”
e com o estipulado no artigo 48 alínea c) “Projeções de fluxos de caixa
descontados com base em estimativas fiáveis de futuros fluxos de caixa,
suportadas pelos termos de qualquer locação e de outros contratos existentes e
(quando possível) por evidência externa tal como rendas correntes de mercado de
propriedades semelhantes no mesmo local e condição, e usando taxas de desconto
que reflitam avaliações correntes de mercado quanto à incerteza na quantia e
tempestividade dos fluxos de caixa. “, uma propriedade de investimento deve ser
avaliada segundo os seguintes critérios:
- Máxima e melhor utilização para o imóvel,
o que na prática aproxima a noção de justo valor ao valor de mercado;
- Aplicação, preferencialmente, do método
comparativo de mercado;
- Se se revelar impossível a aplicação
deste método, aplicar o método do rendimento com a noção de fluxo de caixa
descontado.
No entanto, achamos que, prudencialmente,
devem ser aplicados estes dois métodos.
Assim sendo, é importante a consulta a um
profissional da avaliação, recordando que quer a Ordem dos Revisores Oficiais
de Contas quer a Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas preferem que as
estimativas de avaliação de imóveis sejam realizadas por técnicos inscritos na CMVM (Comissão
do Mercado dos Valores Mobiliários).
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