Como classificar centros comerciais?

Apesar de ser um adepto fervoroso do comércio de rua, também sou atraído
por centros comerciais, que gosto de visitar e onde me sinto muito bem. Os meus
centros comerciais de eleição são o “Vasco da Gama”, em Lisboa, e o
“Norteshopping”, no Porto.
Neste artigo, procuro sistematizar uma abordagem prática para a
classificação e análise de centros comerciais, com base nos critérios definidos
pelo International Council of Shopping Centers (ICSC), complementada por
terminologia técnica relevante no contexto da avaliação imobiliária. Antes de
avançar para as classificações propriamente ditas, considero essencial
introduzir um conceito basilar: a Gross Leasable Area (GLA).
“The gross
surface area available for renting. It is made up of the sum of gross
commercial surface areas including, in addition to the retail sales area, all
the storage, goods handling and processing areas as well as offices of the
individual businesses operating within the Centre. It does not include plant
and equipment rooms. It is expressed in square meters.”
(In “Valuation
of shopping centres”, RICS professional guidance, Italy, 1st edition, December
2015)
A GLA é, portanto, a área bruta locável disponível para arrendamento, e
constitui a base para várias classificações e decisões de projeto, investimento
ou avaliação.
Classificação por tipologia
Uma das primeiras distinções que posso fazer diz respeito à tipologia
funcional do centro comercial. Assim, posso dividi-los entre tradicionais e
especializados.
//Centros especializados
-Retail Park
Trata-se de um espaço ao ar livre
com lojistas especializados de médio e grande porte (big boxes ou power
stores), normalmente independentes entre si. Estes espaços dispõem de amplos
estacionamentos ao nível do solo e oferecem produtos a preços particularmente
competitivos.
-Factory Outlet
Superfícies comerciais, ao ar
livre ou fechadas, onde fabricantes vendem diretamente ao público produtos de
marca com desconto, nomeadamente excedentes de produção, mercadorias de épocas
anteriores ou artigos de rotação lenta. Raramente têm anchor stores, embora
algumas marcas fortes possam desempenhar esse papel.
-Theme-Oriented Centre
Centros temáticos orientados para
categorias específicas de retalho. Podem ser leisure-based (com cinemas,
restaurantes, bares e outras valências de lazer) ou non-leisure-based,
focando-se em setores como a decoração, tecnologia ou saúde e bem-estar.
//Centros tradicionais
Todos os outros centros que não se enquadram nas tipologias anteriores são
considerados tradicionais e são geralmente organizados em estrutura fechada,
com corredores interiores. A sua classificação faz-se com base na GLA:
-Muito grandes: GLA > 80.000
m²
-Grandes: GLA entre 40.000 m² e
79.999 m²
-Médios: GLA entre 20.000 m² e
39.999 m²
- Pequenos: GLA entre 5.000 m² e
19.999 m²
Este critério quantitativo permite uma segmentação mais objetiva e é
frequentemente utilizado em análises comparativas ou estudos de viabilidade.
Conceitos complementares
Para uma análise mais completa — sobretudo na ótica do perito avaliador de imóveis certificado — considero essencial integrar outros conceitos, que
influenciam a atratividade e a performance do ativo:
//Catchment Area
//Anchor Stores
//Communal Spaces
//Footfall
Ao integrar estes critérios — tipologia, GLA, área de influência, lojas
âncora, espaços comuns e tráfego pedonal — consigo elaborar uma grelha de
análise rigorosa, aplicável tanto à avaliação de centros existentes como à
prospeção de investimentos futuros.
Se estiver envolvido em projetos de avaliação, promoção ou reabilitação de
ativos comerciais, estes parâmetros são, na minha experiência, um ponto de
partida sólido.
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