Pré-estudo de mercado ou avaliação encapotada?
A decisão de escrever este artigo resulta da leitura do
artigo do Gonçalo Nascimento Rodrigues “Arrendar
um imóvel pode dar no mínimo um retorno de 8%”, como sempre excelente.
Acrescentamos ainda que nada nos move contra as empresas de
mediação imobiliária, bem pelo contrário, pois exercem um mecanismo de
regulação no mercado que é muito vantajoso para todos os intervenientes.
Importa-nos aqui é a denuncia das más práticas, quer seja a estimativa
incorreta de rentabilidades quer a informação errada de valores de mercado a
quem comprar ou vender património imobiliário.
Vem isto a propósito de um documento em nossa posse, de uma
imobiliária de referência, intitulado “Pré-estudo de
mercado”, que aqui reproduzimos na integra (salvaguardando a
confidencialidade da empresa de mediação imobiliária).
Achamos, em primeiro lugar, que é uma forma pouco ortodoxa
de ultrapassar o impedimento que as empresas de mediação imobiliária têm de
proceder a avaliação de imóveis, que
devem ser feitas por um perito
avaliador devidamente credenciado.
Por outro lado é uma estimativa feita sem qualquer rigor
técnico que levou, neste exemplo, a uma diferença de 30% relativamente ao presumível
valor de transação.
Como se avalia um terreno? Amaro Laia, no artigo “ Laia, Amaro Naves, Métodos Correntes de
Avaliação vs Métodos Avançados de Avaliação de Imóveis, in Revista Imobiliária,
Setembro 2000.” (Amaro Naves Laia é professor no ISEG e avaliador de imóveis
acreditado pela Royal Institution of Chartered Surveyors (MRICS)), muito
assertivamente explica:
“Por exemplo, na avaliação de um terreno destinado à
construção para venda, o valor máximo desse terreno será igual ao VAL desse
empreendimento, com a particularidade de o mesmo ter sido calculado sem que, à
partida, se considerasse no respetivo cash-flow o custo do terreno,
diferentemente do procedimento adotado para cálculo da rendibilidade do
investimento.
Aplica-se especialmente a imóveis que não sejam de
fácil comparação com outros recentemente transacionados no mercado e aos quais
seja possível associar fluxos de caixa futuros.
Este método apresenta normalmente duas variantes:
» VBR (valor baseado no rendimento), muitas vezes
designado por capitalização, para as situações típicas de arrendamento / rendas
constantes;
» DCF (discounted
cash flow) para todas as outras situações.”
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