Os fatores de governança no imobiliário e no contexto ESG
Na
avaliação imobiliária contemporânea, os fatores de “Governance”, inseridos no
contexto mais amplo das considerações ambientais, sociais e de governança (ESG),
desempenham um papel crucial na determinação do valor de um ativo e na sua
atratividade para investidores conscientes. Estes fatores, que se estendem
desde a estrutura do conselho de administração até aos esquemas de denúncia,
refletem a saúde institucional e a sustentabilidade de uma organização,
influenciando diretamente a perceção de risco e, consequentemente, o valor dos
imóveis relacionados, devem merecer a atenção do perito avaliador de imóveis certificado.
Um dos
aspetos centrais na análise da governança corporativa é a estrutura do comité
de auditoria. Este órgão é fundamental para assegurar que as práticas
financeiras de uma empresa são transparentes e conformes com os padrões
regulatórios. A eficácia e independência do comité de auditoria podem
influenciar a confiança dos investidores na viabilidade financeira de uma
empresa, o que, por sua vez, pode refletir-se na valorização dos imóveis que a
empresa possui ou gere.
A
diversidade e a estrutura do conselho de administração são outros elementos
críticos na avaliação de governança. Conselhos diversos, que incorporam uma
variedade de experiências e perspetivas, tendem a tomar decisões mais
equilibradas e a considerar um leque mais amplo de riscos e oportunidades. Num
contexto imobiliário, um conselho diversificado pode significar uma abordagem
mais holística na gestão de ativos, influenciando positivamente o valor dos
imóveis através de práticas mais inclusivas e inovadoras.
A questão
do suborno e da corrupção é igualmente vital. A existência de políticas
rigorosas contra a corrupção é um indicador de governança robusta, que protege
os investidores e assegura que as transações imobiliárias são conduzidas de
forma justa e legal. A ausência de tais práticas desincentiva a corrupção,
reforçando a integridade do mercado imobiliário e, por conseguinte, a confiança
dos investidores.
A
governança corporativa, como um conceito mais amplo, abrange todos estes
elementos, proporcionando uma estrutura pela qual as empresas são dirigidas e
controladas. A transparência e a responsabilidade corporativa são princípios
fundamentais aqui, com impacto direto na forma como os ativos imobiliários são
geridos e na reputação das empresas proprietárias ou gestoras desses ativos.
Além
disso, os padrões de relatórios ESG e os custos regulatórios associados têm
vindo a ganhar destaque na avaliação imobiliária. A conformidade com os
relatórios ESG demonstra o compromisso de uma empresa com práticas sustentáveis
e socialmente responsáveis, um fator cada vez mais valorizado pelos
investidores. Embora os custos regulatórios possam ser significativos, eles
também garantem que as práticas empresariais estão alinhadas com as
expectativas sociais e ambientais, o que pode aumentar o valor dos imóveis ao
mitigar riscos reputacionais.
A
remuneração dos executivos é outro fator relevante. Pacotes de remuneração
excessivamente elevados podem sinalizar uma má governança, enquanto uma
remuneração alinhada com os objetivos de longo prazo da empresa pode indicar um
compromisso com a sustentabilidade. Na gestão de imóveis, isso pode traduzir-se
numa administração mais eficaz dos ativos, com impacto direto na valorização
dos mesmos.
A força
institucional de uma empresa, que se reflete na sua capacidade de resistir a
crises e na continuidade das suas operações, é um componente crucial na
avaliação imobiliária. Empresas com forte institucionalidade oferecem maior
segurança aos investidores, o que pode resultar em prémios de valor para os
seus ativos imobiliários.
O
planeamento da sucessão na gestão garante a continuidade da liderança e pode
afetar a estabilidade de uma empresa. Esta estabilidade é vital para a gestão
de longo prazo de ativos imobiliários, influenciando positivamente o seu valor.
Finalmente,
o estado de direito e a existência de esquemas de denúncia são essenciais para
assegurar um ambiente de negócios justo e transparente. A confiança na
aplicação das leis e a possibilidade de denunciar irregularidades sem
retaliação promovem um mercado imobiliário mais íntegro, protegendo os valores
dos ativos e assegurando que as práticas empresariais estão em conformidade com
os mais altos padrões éticos.
Em suma,
os fatores de governança no ESG moldam profundamente o ambiente no qual o valor
imobiliário é determinado. Investidores e avaliadores imobiliários atentos a
esses fatores estão melhor posicionados para avaliar corretamente os riscos e
as oportunidades, assegurando que as suas decisões refletem não apenas o valor
presente, mas também a sustentabilidade futura dos ativos.
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