A diferença entre Porto e Lisboa


Saiu há pouco tempo a publicação ”Portugal Rendas& Yields |Snapshot,” de autoria da consultora CB Richard Ellis, que, de uma forma muito simples, nos permite concluir a diferença que existe no mercado imobiliário do Comércio de Rua nas duas principais cidades do país.

A análise centra-se nos valores das rendas e yields prime de cada uma das cidades.

Fonte: CB Richard Ellis
Adaptação: Formatos, L.da

De acordo com a metodologia da consultora Renda Prime “Representa o valor máximo da renda que pode ser esperado no período em análise para um espaço de dimensão standard (adequado à procura nessa localização), de elevada qualidade e situado na melhor localização. Assume-se que a Renda Prime pressupõe o pacote de incentivos comummente praticado no mercado nesse período.” e Yield Prime “Representa a yield mais baixa que pode ser esperada no período em análise para a aquisição de um imóvel de Classe A, situado numa localização privilegiada, totalmente arrendado e com rendas de mercado. Considera-se imóvel de Classe A o que tem uma construção recente, equipamento moderno e layout eficiente.”

São consideradas lojas de 100 m2 de área útil, na Avenida da Liberdade e Chiado, em Lisboa, e Rua de Santa Catarina e Boavista, no Porto.

Ao transformarmos os valores da tabela acima em valores de venda (€/m2) verificamos os valores do gráfico seguinte:

Fonte: CB Richard Ellis
Adaptação: Formatos, L.da


Concluímos então que no cenário de crise que o país atravessou, em Lisboa o mercado manteve-se estável ao longo dos últimos quatro anos, com tendência para melhorar no último. Contrariamente, o mercado do Porto teve uma descida abrupta, com tendência para estabilizar no último ano.

Porquê?
Todos teremos a nossa explicação, mas enquanto não terminar o esforço de transformação do centro histórico do Porto que a Câmara Municipal e a Porto Vivo estão a prosseguir, com a reabilitação e revitalização urbana, este paradigma não se alterará.

Urge, portanto, transformar, com as devidas cautelas e comparações, a Avenida dos Aliados numa Avenida da Liberdade.

E transformar um comércio de rua com muitas lojas devolutas, degradadas e trabalhando num segmento médio/baixo, num segmento alto, aproveitando o potencial turístico de toda a zona norte.

E chamar as pessoas para viverem na Baixa!

2 comentários:

  1. Estes dados confirmam as minhas convicções de há uns anos a esta parte: Com crise ou sem crise, em termos económicos a Norte e particularmente o Porto, têm vindo a perder relevância!
    Está a ser longa e penosa a readaptação do sistema económico e produtivo do Norte, assente na indústria, à nova realidade Mundial...
    A reabilitação e revitalização da Baixa Portuense, sendo essencial, poderá não ser suficiente para inverter a situação e colocar de novo o Porto na senda do Progresso!
    Se pelo menos a economia funcionasse como o futebol...

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  2. Concordo com o que aqui foi dito e acrescentaria: Portugal, é Lisboa, tudo o resto é paisagem. Claro que é uma força de expressão, mas não deixa de ter alguma verdade implícita. Quanto ao último parágrafo - chamarem as pessoas para viverem na baixa - pelo que vejo à minha volta, tem-se tornado um pesadelo entrar e estacionar nas zonas históricas, para fazer compras, por exemplo. Tudo isso, e em grande parte, devido ao excesso de taxas que se vem praticando, o que leva os clientes a dispersarem para as grandes superfícies onde o estacionamento é, regra geral, gratuito, pelo menos durante um determinado período de tempo.
    Há situações muito caricatas quanto a paradigmas deste género. Darei aqui um pequeno exemplo: o da praça central de Alcobaça em frente ao mosteiro. Ali pululavam cafés e esplanadas ao sol sempre cheios de gente. Desde que a Autarquia remodelou o espaço, vedando o acesso automóvel,aparentemente por causa das obras de conservação do Mosteiro, hoje esse espaço está completamente deserto. Foi assim destruída a zona histórica daquela cidade.

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