Quem investir para arrendar tem que respirar fundo ...
...antes de o fazer (parar para pensar melhor)!
Alguns dias atrás, segundo o “ionline”,
a DECO (Associação para a Defesa do Consumidor) publicou um documento que afirmava mais ou menos o seguinte: “Mas vamos
a contas. Um T2 em Telheiras com cem metros quadrados que apresente um preço de
venda de 161.600 euros, exija mais de mil euros de despesas anuais fixas –
entre despesas com IMI, condomínio, seguro e taxa de esgotos – e cujo
proprietário cobre uma renda mensal de 880 euros de renda, só consegue obter um
retorno na ordem dos 3,3%. Para atingir os tais 5% de rentabilidade (valor
considerado mínimo para que o mesmo consiga lucrar com o negócio), o senhorio
ou teria de ter comprado o apartamento por 98 mil euros ou teria de subir a
renda para cerca de 1.300 euros.”
Segundo as nossas contas,
para o imóvel e arrendamentos em questão, e com os pressupostos do quadro seguinte, daria um retorno de 4,28%.
Mas se o retorno é maior que
o estimado pela DECO porque é que estamos mais pessimistas? É que falta
aprofundar o ponto de vista do pequeno investidor:
- A compra de um imóvel de
161.600€ acarretará despesas legais e outras, adicionais, de cerca de 12.500€,
o que implicará um investimento total de aproximadamente 174.000€;
- Com o retorno acima
mencionado obterá um “net operating income” (ganhos operacionais líquidos) de
cerca 4.600€ anuais, o que fará um “return on investement” (retorno do
investimento) de 2,7%. Muito pouco, não?;
- Suponhamos que faz uma
alavancagem (pedido de capitais alheios) de 20%, com pagamento de capitais e
juros anuais constantes ao longo de 25 anos (vulgar crédito à habitação). O que
resulta? Um “return on equity” (rentabilidade dos capitais próprios) de
aproximadamente 2,8%.
- E no fim de tudo o que nos
sobra? Uma TIR (taxa interna de rentabilidade) de 1,8%.
Tem sido amplamente divulgado
pela Banca e também por empresas de promoção imobiliária as virtudes do
investimento imobiliário para arrendamento, arrastando para este mercado
pequenos investidores que buscam investimentos alternativos aos tradicionais
depósitos bancários.
O escoamento destes imóveis, a
serem feitos desta forma, atraindo os clientes com “spread´s” (margens
bancárias) baixos e com alavancagem a 100% podem tornar-se desastrosos para
pequenos aforradores. É uma espécie de um logro, de “empurrar com a barriga
para a frente”, que trará, daqui a alguns anos, impactos semelhantes aos que se
estão a viver agora.
Será que não se está a
corrigir uma asneira com outra asneira, empurrando outra vez os clientes para o
incumprimento?
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