Carta de risco do imobiliário?
O INE iniciou a divulgação das Estatísticas de
Rendas da Habitação, ao nível local, com base em dados de natureza
administrativa de novos contratos de arrendamento. São disponibilizados dois
indicadores com uma periodicidade pelo menos anual, para o país, até ao nível
do município, e para as áreas metropolitanas, até ao nível da freguesia, desde
que o número de observações o permita (30 ou mais observações):
-Valor mediano das rendas por m2 de novos contratos
de arrendamento de alojamentos familiares (€)
-Novos contratos de arrendamento de alojamentos
familiares (N.º).
Esta mesma publicação introduz um gráfico muito
interessante. Relaciona os preços medianos de venda com os preços medianos de
arrendamento:
A partir deste gráfico e dos dados disponibilizados concelho a concelho,
a nível nacional, e, em Lisboa e Porto, a nível de freguesia, consegue-se
construir uma espécie de carta de risco imobiliário para o país.
A análise parte da fórmula de capitalização direta, que nos permite
chegar à conclusão:
Rentabilidade (%) = Renda mensal (€/m2) x 12 / Valor do imóvel
A partir daqui e da informação do INE, concelho a concelho, construímos uma
tabela de rentabilidades, de que aqui apresentamos um extrato:
A primeira tentação é dizer “Ops, vamos todos investir em
imobiliário em Gouveia, pois lá é que temos uma boa remuneração!”. Mas, de
facto, este valor traduz precisamente o desconforto que os investidores revelam
se investirem em Gouveia! Para um investidor investir em Gouveia exige uma
rentabilidade maior porque, precisamente, o risco também é maior.
A informação que se extrai destas estatísticas é meramente
indicativa e não dispensa uma análise mais exaustiva de cada mercado, com
presença no terreno. Só assim será possível esclarecer valores de rentabilidade
que contrariam o senso comum.
Não nos podemos esquecer que “as estatísticas mostram tudo e
escondem o essencial'!
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