Uma lição sobre preços e rendas dos imóveis.
O jornal Expresso
não me vai levar a mal, mas no escrito de hoje foi transcrever quase na integra
o artigo que Ricardo Reis, economista, escreveu na edição 2652 de 25 de agosto
de 2023.
Faço-o, porque é uma excelente lição sobre imobiliário, para qualquer perito avaliador de imóveis certificado,
que explica, eventualmente, a teimosia do Primeiro-Ministro António Costa em
tabelar o aumento das rendas.
“Professor na London School of Economics, Ricardo Reis, 38 anos, nasceu a 1
de Setembro em Leça da Palmeira. Estudante brilhante, jogador de ténis
persistente, aos 17 anos rumou ao Reino Unido onde se licenciou na escola onde
agora dá aulas. Doutorou-se em Harvard, deu aulas em Princeton e, antes de
regressar à London School estava em Columbia, em Nova Iorque. É um especialista
em macroeconomia e economia monetária e financeira. Integra actualmente o grupo
de especialistas que reflete sobre os desafios dos bancos centrais.”
Vamos então ao que escreveu Ricardo Reis, procurando não desvirtuar o seu
sentido:
“As tendências nos retornos financeiros no último ano apontam claramente
para que haja um ajuste para cima no rácio entre o valor das rendas e o preço
das casas.”
“Comprar uma casa e depois arrendá-la é um investimento alternativo. Paga o
dinheiro hoje e recebe uma renda
do inquilino todos os anos. Tem de descontar os custos em manter a casa,
considerar o risco de ter períodos entre inquilinos sem receber, assim como o
preço a que pode vender a casa sujeito à dificuldade em arranjar comprador
sobretudo se precisar de dinheiro com urgência para responder a uma emergência.”
“O aumento no preço das casas entre 2000 e 2020 foi um fenómeno comum à
maioria dos países ocidentais. A taxa de retorno na economia e a emprestar ao
Estado baixou durante duas décadas, pelo que o rácio entre rendas e preços
caiu. Com a inflação controlada pela política monetária, as rendas não caíram
muito e o ajustamento fez-se pelo aumento no preço das casas.”
“E em Portugal? Para já, subiram muito as rendas em grande parte porque os
proprietários anteciparam as subidas antes de entrar em vigor o pacote de
habitação do Governo. Mas com a perspetiva de o Governo PS congelar rendas em
2024 e mais tarde, então o rácio rendas-preços só pode subir se caírem os
preços das casas. Neste contexto de subida dos retornos, ao congelar as
rendas, o Governo de António Costa vai contribuir para que caiam os preços das
casas, matando assim duas lebres com uma cajadada. Lebres essas, que neste
caso serão quem é dono de uma casa hoje e vai suportar o aumento na prestação
do empréstimo e ao mesmo tempo a desvalorização da casa.”
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