Imobiliário e corrupção
A Católica Porto Business Scholl,
no âmbito do “Executive Master em Gestão e Avaliação no Imobiliário” tem
promovido uma série seminários dedicados ao imobiliário.
São seminários também abertos
à comunidade (basta contactar o diretor do curso, Prof. Seabra Figueiredo) em
que os palestrantes são sempre personalidades com relevo e prestigio nacional.
Vem esta introdução a
propósito do que nos foi possível assistir no último evento realizado pela
Escola, a palestra do Eng. Jorge Costa, ex- Secretário de Estado, que falou
sobre a nova lei do arrendamento e a palestra do Dr. Paulo Morais, ex-Vice
Presidente da Câmara Municipal do Porto, sobre a temática da corrupção no
imobiliário.
Quanto à lei do arrendamento
voltaremos a ela mais tarde, quando for finalmente votada no Parlamento.
Centraremos o nosso artigo de
hoje, ainda que muito sucintamente, nas ideias mais marcantes da mensagem transmitida
pelo Prof. Paulo Morais.
Segundo o orador, a dívida
privada portuguesa não se deve ao mau uso do dinheiro pelos portugueses mas sim
a questões imobiliárias, que são responsáveis por setenta porcento da dívida. A
culpa será então da gestão urbanística, que através de meros atos
administrativos de classificação de solos, de rústicos para urbanos, permitem
mais valias que podem chegar aos mil e quinhentos por cento, coadjuvada pela
pressão exercida sobre os particulares para
a aquisição de habitação própria (juros baixos e créditos bonificados)
Forneceu ainda outro exemplo
que nos deve deixar a pensar. Cerca de metade dos valores gastos nas SCUT´s têm
a ver com indemnizações para terrenos que eram rústicos e, por um ato
burocrático e com acesso a informação priveligiada, passaram a urbanos. Com a
consequência de valores pagos exponencialmente superiores.
Estes exemplos, que entroncam
noutros de que não falaremos agora para não alongarmos muito este artigo,
potenciam o aparecimento do que designou por nova máfia, a máfia do tráfico de
solos.
Apontou também caminhos que
podem inverter esta situação.
Em primeiro lugar a feitura de
leis simples, sem grandes alçapões, que por norma são realizadas por grandes
gabinetes de advogados próximos do poder, os mesmos que depois vão vender aos
privados esses mesmos alçapões.
Em segundo lugar, uma
fiscalização efetiva e aleatória.
Finalmente, a apropriação
pelo Estado das mais valias geradas no imobiliário.
Esta última ideia, se bem com
boas intenções, não nos parece muito exequível numa sociedade como a nossa,
capitalista e cada vez mais liberal. Se bem nos recordamos, era essa a génese
do marxismo.
Caro João Fonseca
ResponderEliminarExcelentes seminários,estes realizados pela Católica Porto Business Scholl, no âmbito do “Executive Master em Gestão e Avaliação no Imobiliário”. Agradou-me particularmente este último, com o Dr Paulo Morais, pela sua frontalidade, tão pouco comum nesta época do politicamente correto...
Haja alguém que chame os bois pelos nomes!!