Estamos a falar da mesma coisa?

Há uns bons anos, passava na televisão uma série inglesa, de que não nos recordamos o nome, que mostrava o dia a dia de um médico veterinário de província. Em tudo diferente da vivência dos veterinários da cidade!

Mal comparando, também nos sentimos “Avaliadores de imóveis” de província!

Vem esta introdução a propósito de duas notícias de primeira página dos jornais de ontem:

“É cada vez mais difícil arrendar casa”- In Diário de Notícias;

“Recorde de negócios imobiliários em Portugal”- In Expresso

Um leitor menos conhecedor da realidade achará que o setor atravessa um excelente momento, em que quem for proprietário tem a sua vida garantida, bastará colocar os imóveis no mercado que rapidamente os transformam em bom dinheiro.

Acreditamos que assim seja, mas só em locais “Premium” de Lisboa e Porto.

Mas o mercado imobiliário é feito de muitas outras coisas.

Algum senhor jornalista conhece a zona dos Lagueirões, na cidade de Valongo? Nós explicamos, é uma cidade fantasma! Há lá muitos imóveis para venda e para arrendamento.

Algum senhor jornalista percorreu a pé a Rua de Santa Catarina até ao cruzamento com a Rua Gonçalo Cristóvão, no Porto? Nós explicamos, é um corrupio de imóveis devolutos, alguns em muito deficientes condições estruturais que correm o risco de cair na cabeça de algum transeunte.

E Massamá, conhecem? É mais perto de Lisboa!

Os senhores jornalistas têm ideia de quantos relatos semelhantes a estes podemos replicar por este país fora?

Os grandes negócios que se fazem nos grandes centros urbanos não podem representar o mercado imobiliário e muito em particular, o mercado de investimento residencial e de logística.

São negócios muitas vezes inflacionados e em que também rapidamente se esgotarão as oportunidades. Ou por falta de imóveis ou por falta de clientes!

Não é só por razões politicas que se começam a ouvir queixas que os “visto gold” estão a escassear.

Enquanto “Avaliadores de imóveis” de província, apercebemo-nos das dificuldades de muitos proprietários em fazer escoar os seus imóveis e também as dificuldades de muitas pequenas empresas em mediar as suas carteiras.


Já para não falarmos nas dificuldades e da “ginástica” da banca para fazer escoar os seus “monos”!

O mercado imobiliário não é o mar de rosas que nos estão a tentar vender. 

Existem ainda muitas dificuldades para superar e atitudes dolorosas para tomar. 

Há muitos imóveis que nunca entrarão no mercado. Uma sugestão?

Mais vale demoli-los!

(Este artigo foi escrito por João Fonseca, Avaliador de Imóveis, telefone 919375417 endereço de correio eletrónico joao.fonseca@formatos.pt. A empresa de referência é www.formatos.pt e dedica-se à avaliação de imóveis)

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