O jornal “Expresso” e os 583 imóveis…
Este é um fim-de-semana que para
o país (para quem não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico, para quer
dizer “pára”), por causa de um Sporting-Benfica. Assim sendo, qualquer tema que
seja escolhido, não vai ser o centro das atenções. A não ser que consigamos
descobrir um “ovo de Colombo”!
No entanto, uma notícia que chamou
a nossa atenção deve ser partilhada e, talvez, um pouco esmiuçada:
“Estado tem 583 imóveis que valem
menos de €1”
A notícia é do jornal “Expresso”
e é categórica.
É tão categórica que nos levou a
comprar a edição em papel, para ler a notícia completa (não conseguimos
dispensar o prazer de folhear livros, revistas e jornais!)
As primeiras leituras remetem-nos
para uma constatação do Tribunal de Contas que é óbvia na avaliação imobiliária,
ou seja, “O Tribunal de Contas (TC), …, vem agora criticar o Ministério das
Finanças e a sua Direção-Geral do Tesouro e Finanças por não saberem avaliar o
verdadeiro valor dos terrenos e do edificado que registam em sua posse”.
Cabe aqui chamar a atenção para o
nosso artigo “Avaliação
de imóveis do Estado”, já publicado há mais de três anos mas que se
mantém atual.
Quando o título nos chamou a
atenção, julgava-mos que o Estado não saberia o valor de mercado dos seus
imóveis. Recordamos que valor de mercado é:
(para quem segue as International
Valuation Standards)
“Estimativa do montante mais
provável pelo qual, à data da avaliação, um ativo ou um passivo, após um
período adequado de comercialização, poderá ser transacionado entre um vendedor
e um comprador, em que ambos, de livre vontade, atuaram de forma esclarecida,
prudente, e não coagidos”.
(para quem segue as Euripean
Valuation Standards)
“O valor estimado pelo qual o
imóvel seria transacionado à data da avaliação entre um comprador e um vendedor
interessados, no quadro de uma transação em condições normais de mercado, após
a devida comercialização, em que cada uma das partes atua com conhecimento de
causa, de forma prudente e sem coação”.
Continuando a ler a notícia,
rapidamente chegamos à conclusão de que o Estado, afinal, não sabe duas coisas:
não sabe o valor de mercado dos seus imóveis nem sabe o seu valor patrimonial
tributário.
É aqui que achamos que o título
da notícia não corresponde ao corpo da mesma, o que pode induzir os leitores em
erro.
A notícia explica que o que é
desconhecido é o valor patrimonial tributário “… que já têm valor patrimonial
nesta base de dados da DGTF, existem 583 com valor patrimonial a €1, dos quais
553 com valor patrimonial igual a zero”.
Sejamos francos, isso interessará
aos portugueses?
Não, porque o valor patrimonial
tributário só serve para se determinar qual o valor de Imposto Municipal de
Imóveis (IMI). E o Estado não paga IMI.
Ter o valor patrimonial de zero euros
ou um milhão de euros é precisamente o mesmo. Não atrasa nem adianta.
Será que não dirá mais aos
portugueses saber que o Estado tem património que não utiliza, que vendido a
preço de mercado pode ajudar a diminuir a Dívida Pública?
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