CAPM ou WACC?
Esta semana, o RICS promoveu um “webinar” com o tema “Portugal: Avaliação de Imóveis para Desenvolvimento – Compilação de recomendações aplicadas”, Guilherme Antunes Ferreira como orador e José Covas como moderador.
Este “webinar” teve duas partes, a primeira dedicada à
tradução do documento “Valuation
of development property, 1st edition, October 2019” e a segunda parte à
adaptação destas normas para Portugal.
Para clarificar o que são de
propriedades de desenvolvimento, temos os seguintes exemplos (transcrição da
apresentação):
“– a construção de edifícios;
– terrenos anteriormente não desenvolvidos, mas que estão
infraestruturados;
– a remodelação de imóveis em terrenos anteriormente
desenvolvidos;
– a melhoria ou alteração de edifícios ou estruturas
existentes;
– terrenos classificados como urbanos, para desenvolvimento,
em instrumento de gestão territorial em vigor; e
– imóveis cuja capacidade construtiva não se encontra
esgotada de acordo com instrumento de gestão territorial em vigor.”
Foi uma sessão muito interessante, com muitos apontamentos
de registo, mas queria-me focar num único tema, que se prende com a escolha do
CAPM ou da WACC para a atualização de fluxos de caixa descontados. Este é um
tema recorrente na atividade do perito
avaliador de imóveis.
Ficou claro que:
- as propriedades de desenvolvimento podem ser estudadas
segundo duas óticas: do projeto ou do investimento;
- a ótica do projeto é determinante para se prosseguir para
a análise na ótica do investimento. Se um imóvel, na ótica do projeto, não for
rentável, a ótica do investimento não deverá prosseguir.
- as taxas de atualização na ótica do projeto devem, em
primeira linha, refletir o mercado. Quer através do estudo de transações quer
pelo ajustamento de “yields” de investimentos imobiliários;
- caso não seja possível, podemos então utilizar o CAPM;
- deveremos deixar a WACC para o estudo da propriedade de
desenvolvimento sob a ótica do investimento.
Concordo em absoluto com esta visão, que também é
corroborada no livro que considero a “Bíblia” da análise de investimentos: "Análise
de investimentos imobiliários", de João Carvalho das Neves, Joaquim
Montezuma e Amaro Laia, ISBN 978-972-47-4063-8, da Texto.
Reza assim a página 147:
“Em termos de financiamento - Se a análise for feita na
ótica do imóvel então os fluxos de caixa a considerar são antes das decisões de
financiamento. É como se o investimento fosse integralmente financiado por
capital próprio, devendo utilizar-se como taxa de atualização o custo de
capital sem endividamento. Se a análise fizer na ótica do investidor, então os
fluxos de caixa deverão ser após financiamento e após impostos, devendo custo
de capital a usar ser o custo médio de capital ou o valor atual líquido
ajustado, usando como custos de capital o custo de capital próprio e o custo do
capital alheio.”
Em linha!
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