Como lidar com o aumento da prestação?


Com a devida autorização do André Maia, reproduzo um artigo que vem na sua newsletter. O título é "Como lidar com o aumento da prestação?"


Faço-o porque acho que este artigo é serviço público de qualidade, que deve ser partilhado e lido pelo maior número de pessoas possível, não ficando só pelo universo do perito avaliador de imóveis.


André Maia é consultor imobiliário da Remax.


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Olá, como estão? 

Pegando no assunto do momento, e inspirado pelo comentário do Luís Marques Mendes no Domingo na SIC, sobre a evolução da Euribor, decidi dar seguimento ao meu email anterior de Agosto e abordar o impacto da subida da taxa de juro nas prestações mensais de crédito, quais as consequências disso e possíveis soluções.
 

 

Como lidar com o aumento da prestação?

 


O custo do dinheiro aumentou e irá continuar a aumentar. Os bancos centrais das maiores economias mundiais estão alinhados nos esforços a efetuar para combater a inflação que está em curso, e infelizmente, tão cedo não haverá um alívio nas subidas das taxas de juro.

Será que isto foi sempre assim? Como é que eles lidaram com o mesmo problema no passado? Historicamente, os bancos centrais sempre fizeram de tudo para acompanhar a inflação alta registada, e só aliviaram as taxas de juro quando a conseguiram controlar. Vejamos abaixo exemplos dos Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia nas últimas décadas.

 

Evolução inflação vs taxa de referência - EUA

 

 

Fonte: Gzero

 

Evolução inflação vs taxa de referência - Reino Unido

 

 

Fonte: Schroders

 

Evolução inflação vs taxa de referência - UE

 

 

Fonte: Refinitiv Datastream

 


Os gráficos ilustram a evolução da inflação e taxas de juro de referências nas últimas décadas. Como se pode observar, no final da década de 70 e início de 80 foram registadas taxas de juro superiores a 20% nos Estados Unidos e Reino Unido. O gráfico da UE não é tão impactante, mas apenas porque não se consegue ter um histórico tão longo enquanto UE.
 

 

E a Euribor?

 

Em Portugal o máximo histórico na Euribor 6m foi de 5,242% em Outubro de 2008, quando a taxa de referência do BCE estava em 3,25%.

Olhando para aquilo que os bancos centrais fizeram no passado, será que uma inflação de quase 10% irá motivar os bancos centrais a combatê-la com uma taxa de referência de 10%? Sendo esse o caso, isso deveria levar a Euribor a subir para cima de 12%. 

Por um lado, parece inevitável caminharmos para esta hipótese. Por outro lado, parece ser algo extremamente difícil de acontecer. Talvez a virtude esteja no meio. De qualquer forma, é interessante pensar o que aconteceria num cenário de subida galopante da Euribor em Portugal para os contratos de taxa variável.


Fiz abaixo uma simulação que pode ajudar a ilustrar este conceito.

Pressupostos utilizados na simulação destes cenários: 
•    Empréstimo a 30 anos (360 meses);
•    Spread base de 1,25%;
•    Não tive em consideração a TAEG com os outros encargos, seguros, etc.;
•    A Euribor considerada foi a de 6 meses, a mais utilizada em Portugal;
•    Expetativa para dez 22 é de 2% segundo o BCE. Depois articulei subidas semestrais até aos 5%.

 

Evolução da prestação mensal

 

 

Diferença face a Janeiro de 2022

 

 

 

 

Para quem tem empréstimo em taxa variável, é normal que fique apreensivo com a elaboração destes cenários, onde a prestação mensal tem flutuações bastante consideráveis. Pegando no exemplo dos empréstimos com spread de 1,25% e 30 anos de prazo, a prestação pode subir mais de 50% com 3% Euribor ou mais de 100% com 5% Euribor. Mas, independentemente disto, convém reforçar dois pontos importantes: 


1) No histórico que vimos acima, os movimentos de correção de taxas de referência altíssimas foram em alturas de pico, não foram constantes. E posteriormente, houve uma redução gradual até a uma eventual normalidade. Portanto, mesmo que sejamos empurrados para um cenário semelhante, há que salvaguardar que a vida eventualmente retoma ao seu normal funcionamento. É só uma questão de ter capacidade para ultrapassar essa fase.


2) Mesmo numa situação de aperto, ainda existem um conjunto de ferramentas e soluções que temos ao nosso dispor para ajudar a mitigar este impacto no orçamento familiar.

 

 

Quais são as possíveis soluções?

 

Renegociar prazo – Com um prazo maior, consegue dilatar o valor do empréstimo a pagar e torna a prestação mensal mais suave;

Renegociar spread – Desde a altura da contratação até hoje, talvez possa ter havido algumas mudanças no seu contexto pessoal/profissional que lhe dê acesso a um spread melhor do que o contratado. Melhor spread = prestação mais baixa;

Mudar de taxa variável para taxa fixa – Para quem me acompanha, sabe que este é um tema recorrente dos meus emails. Sou defensor de contratação de taxa fixa no financiamento do ativo de maior importância. Para aqueles que ainda tiverem acesso, talvez faça sentido considerar uma troca. É óbvio que o custo da taxa fixa hoje é mais caro do que no inicio do ano, mas talvez possa compensar no caso das taxas de referência subirem para valores que não estejamos habituados. Dessa forma sempre conseguiam ter a vossa prestação trancada até ao final do empréstimo;

Reavaliar imóvel – Desde a contratação do crédito até hoje, vou arriscar dizer que o vosso imóvel valorizou. Como tal, e assumindo que reduziram também o capital em dívida, o vosso LTV reduziu, pelo que se podem candidatar a melhorar as vossas condições de crédito (prazo, taxa, etc.);

Transferir o crédito para outra instituição financeira – No geral, ao transferir o crédito para outra IF, há sempre algo que conseguimos melhorar. Se o mote for o vosso CH, então devem garantir que conseguem uma prestação melhor do que a atual.

Gostava de explorar estas opções?

 

Ponho à vossa disposição os nossos consultores financeiros Maxfinance Gold -  eles trabalham quer com a contratação de novo crédito habitação, quer com a transferência do atual. E este serviço é gratuito para o cliente!

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