Avaliação Prudencial (Prudential Property Value)
O IVSC (International Valuation Standards Council) lançou recentemente
novas orientações para a avaliação prudencial de imóveis, com implementação
prevista para 2025 na União Europeia e 2026 no Reino Unido. Estas orientações
têm como objetivo assegurar que as avaliações imobiliárias refletem um valor
sustentável e independente, minimizando os riscos de flutuações bruscas e
sobrevalorização do mercado. Este novo modelo baseia-se em princípios de
conservadorismo, transparência e independência, exigindo que o perito avaliador de imóveis certificado
tenha uma abordagem mais cautelosa na definição de valores para ativos
imobiliários.
Entre as principais diretrizes, destaca-se uma importante orientação para a
reavaliação de imóveis. De acordo com o IVSC, sempre que um imóvel é reavaliado,
o seu valor não deve exceder o valor médio calculado para esse imóvel ou para
um imóvel comparável nos últimos seis anos para imóveis residenciais, ou nos
últimos oito anos para imóveis comerciais, ou o valor original do imóvel,
dependendo de qual desses valores seja o maior. Este critério ajuda a evitar
valorizações inflacionadas, protegendo os investidores e o mercado de
oscilações que possam colocar em risco a sustentabilidade financeira.
A avaliação prudencial surge para oferecer uma maior estabilidade ao
mercado, limitando a inclusão de expectativas de valorização no curto prazo, um
fator que historicamente contribuiu para a formação de bolhas imobiliárias. A
abordagem conservadora assegura que o valor da propriedade reflete uma
perspetiva de longo prazo, independentemente das flutuações de mercado ou das
expectativas especulativas. Essa visão mais prudente é essencial para proteger
o mercado de créditos hipotecários, assegurando que o valor dos ativos seja
mais resistente a crises económicas.
O foco em independência e transparência também é uma peça central destas
novas orientações. O avaliador imobiliário é incentivado a documentar
detalhadamente os métodos e dados utilizados, promovendo a confiança dos
investidores e reguladores no processo. Esse nível de rigor facilita a
auditoria e a revisão das avaliações, permitindo que as partes interessadas
compreendam a base do valor estimada para cada imóvel.
No contexto da União Europeia, as novas normas reforçam a segurança e a
estabilidade financeira, particularmente no setor de crédito hipotecário. Com
uma avaliação prudente e realista dos ativos imobiliários, os bancos e as
instituições financeiras poderão mitigar o risco de perdas significativas em
caso de crises ou depreciações do mercado. A UE adotará estas normas em 2025,
enquanto o Reino Unido adiou a implementação para 2026, permitindo mais tempo
para adaptações.
Para além dos benefícios claros para a estabilidade e confiança do mercado,
a implementação destas orientações traz também alguns desafios. A exclusão de
previsões de valorização de curto prazo poderá ser uma mudança significativa
para os mercados habituados a crescimento rápido. Além disso, as instituições
terão de investir em formação e adaptação das suas práticas para alinhar-se com
as novas exigências.
Em resumo, as orientações de avaliação prudencial do IVSC representam um
avanço importante para um mercado imobiliário mais seguro e transparente. Com
foco na sustentabilidade a longo prazo e na documentação rigorosa, estas normas
contribuem para um ambiente financeiro mais estável, reduzindo a exposição a
riscos de volatilidade. Apesar dos desafios que a implementação pode trazer, os
benefícios em termos de proteção do mercado e de confiança dos investidores
justificam plenamente estas mudanças.
Mais informações no site do
[IVSC](https://www.ivsc.org/prudential-valuation-for-real-estate/).
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