Preços Constantes vs. Preços Correntes
Na avaliação imobiliária, a utilização de técnicas de Discounted
Cash Flow (DCF) pelo perito avaliador de imóveis certificado é recorrente para determinar o valor atual de um imóvel,
projetando os fluxos de caixa futuros. No entanto, existe uma discussão comum
sobre qual abordagem utilizar ao projetar esses fluxos de caixa: preços
constantes, mantidos no nível do ano inicial, ou preços correntes, ajustados
pela inflação. Esta escolha afeta diretamente os resultados do DCF, e cada uma
das abordagens apresenta vantagens e desvantagens.
Os preços constantes têm como principal benefício a
simplicidade na análise, eliminando a necessidade de ajustar preços e custos
ano a ano pela inflação. Esta abordagem facilita o processo de cálculo,
tornando-o mais direto e menos sujeito a complexidades. Além disso, os preços
constantes mantêm o mesmo poder de compra ao longo do tempo, o que ajuda na
análise comparativa entre valores futuros e o presente. Por não serem ajustados
anualmente, os preços constantes oferecem também uma maior estabilidade na projeção,
evitando flutuações que possam ser resultado de previsões incertas da inflação,
algo especialmente vantajoso em períodos de maior volatilidade económica.
Contudo, a utilização de preços constantes apresenta desvantagens, como o facto
de ignorar a inflação, o que pode resultar em projeções que não refletem o
impacto real dos preços de mercado, particularmente em contextos de inflação
elevada. Além disso, se a inflação for significativa, a projeção pode
subvalorizar os ativos, uma vez que os custos e receitas não espelham a
realidade inflacionada.
Por outro lado, a utilização de preços correntes ajustados
pela inflação tem a vantagem de oferecer uma visão mais realista das condições
de mercado, uma vez que os fluxos de caixa projetados refletem o poder de
compra efetivo ao longo do tempo. Em contextos de inflação constante ou
crescente, esta abordagem permite uma projeção mais alinhada com as condições
económicas futuras esperadas. Com a inflação incorporada, é possível evidenciar
o crescimento potencial do valor do imóvel, o que é útil em mercados onde a
valorização é relevante. No entanto, esta abordagem também tem suas
desvantagens. O cálculo com preços correntes é mais complexo, pois exige a
definição de uma taxa de inflação futura, o que aumenta a incerteza e a
complexidade da análise. Além disso, a projeção torna-se sensível a estimativas
inflacionárias, o que pode levar a erros se as expectativas económicas não se
concretizarem. Incorporar a inflação implica ainda ajustar o custo de capital
para que também reflita este fator, aumentando a necessidade de uma modelagem
mais robusta.
Dado este contexto, a utilização de preços constantes
revela-se uma escolha preferencial, especialmente pelo controlo que permite
sobre variáveis externas. Ao manter a projeção num nível constante, sem a
inclusão direta da inflação, a análise torna-se mais estável e previsível,
concentrando-se em variáveis intrínsecas ao imóvel e evitando incertezas
económicas externas. Esta abordagem, além de simplificar os cálculos, evita que
flutuações inflacionárias difíceis de prever distorçam o valor intrínseco do
imóvel. Assim, ao optar por preços constantes, conseguimos uma base de análise
mais clara e direta, valorizando a simplicidade e a consistência na avaliação
imobiliária.
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