Valorização de solos agrícolas
(Este artigo é uma tímida homenagem ao meu Amigo Eng. José Luís
Castro, recentemente desaparecido, companheiro de muitas avaliações, quando eu precisava da ajuda de um engenheiro agrónomo. Não é mais que a
reposição de um outro artigo que ele me ajudou a estruturar, há alguns anos.)
“Numa altura em que o coronavírus força o governo português
a estudar novas medidas do estado de emergência e a ampliar o número de
concelhos em confinamento, tem existido uma tendência dos portugueses, no que
diz respeito a aquisição de ativos imobiliários, a comprar moradias e terrenos
em zonas fora das grandes cidades.
Neste contexto, achamos útil revisitar o artigo “Valorização
de terrenos agrícolas”, que foi escrito em 2012, e é também um dos artigos
mais visualizados no blogue “Avaliarpatrimónio”.
O que escrevemos na altura ainda se mantém válido, ou seja,
o mercado fundiário tem-se revelado, muitas vezes, desconcertante pelos valores
que lhe é atribuído. Na altura também publicitamos o livro de Sidónio Pardal e
Carlos Lobo, “Património Imobiliário, referências para avaliação”, ISBN
978-972-40-4476-7 e a frase “O valor de rendimento de um solo rústico
dificilmente pode superar os € 3,00/m2…” (página 125).
Hoje, com a ajuda do Eng. José Luís
Castro, nosso camarada das avaliações imobiliárias, vamos dar algumas dicas
para a avaliação de solos agrícolas.
Os solos agrícolas são avaliados em função da sua aptidão e
capacidade produtiva, tendo como base um aproveitamento economicamente normal,
considerado como o mais vantajoso do ponto de vista económico para os seus
proprietários. Na zona norte do país é comum adotar uma rotação anual de azevém
e milho silagem.
Para a quantificação de rendimentos, o perito avaliador de imóveis certificado adota
metodologias de cálculo financeiro, que permitem estimar o valor dos terrenos
atualizando o rendimento líquido do fluxo de bens e serviços gerados ao longo
da vida útil do património em análise.
O rendimento das culturas é calculado com base nas
produtividades e preços médios registados para a respetiva região, nos últimos
anos.
A estes valores devem ser deduzidos os custos de produção,
que variam em função da cultura e das operações culturais necessárias. Por
exemplo, no caso da cultura de cereais de regadio, as operações culturais
necessárias e comuns são a preparação do solo, lavoura, gradagem, incorporação
de matéria orgânica (estrumação), adubações de fundo e de cobertura,
sementeira, rega, tratamentos fitossanitários, colheita, acondicionamento e
transporte.
Deduzidos os custos de produção, ficamos com o rendimento
líquido anual passível de ser obtido com o prédio rústico.
Quando se trata de culturas de rendimento anual, perpétuo e
constante, o valor do solo é obtido através da aplicação da seguinte fórmula:
Valor do solo = R / t
Nesta fórmula, R representa o rendimento líquido anual e t a
taxa de capitalização.
As taxas de capitalização costumam variar em 3% e 5%,
dependendo da cultura.

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