Alguma coisa tem que estar mal!

João Fonseca / Avaliador de imóveis / 919375417Uma avaliação de um imóvel, por muito irrelevante que ele seja, encerra uma série de passos que enumeramos: deslocação ao imóvel e visita ao imóvel em avaliação, prospeção de imóveis comparáveis na envolvente do imóvel em avaliação, consultas a bases de dados imobiliárias e outras fontes de informação, homogeneização da amostra, elaboração do relatório segundo os métodos mais apropriados a cada caso e entrega do relatório ao cliente.

A cada um destes passos acrescentemos o tempo que demora cada um a cumprir (No nosso estudo os tempos são mesmo mínimos, para aquelas avaliações de complexidade muito reduzida e quase à porta de casa). Deixamos de for os custos com combustíveis, viaturas, consumíveis, ….

Vamos tomar como justo (que não é) o valor pago a formadores externos no âmbito do POPH para ações de formação dos níveis de qualificação 5 e 6 que é de 30€/hora;

No fim, façamos as contas:
  
No mínimo dos mínimos, um avaliador deveria receber por cada avaliação a quantia de 180€, sem contar com os custos conexos a uma avaliação. Relembramos que este estudo é para avaliações muito simples.

Alguma coisa estará mal quando alguns clientes abusam da pressão sobre a classe dos avaliadores e obrigam-nos a uma quase escravatura económica.

Exemplos de clientes?

- O Estado na avaliação extraordinária que realizou no âmbito da ajuda externa, a 0,90€/avaliação;
- A Banca, através das empresas de avaliação, que pagam a avaliadores externos quantias entre os 30€ a 40€, estando os avaliadores ainda sujeitos a penalizações se não cumprirem o prazo estabelecido, em regra 3 dias úteis.

É urgente uma tomada de posição das associações da classe dos avaliadores (APAE e ANAI) para que estas situações não ocorram.

É urgente que a CMVM, o Banco de Portugal e o Instituto de Seguros também venham a jogo.

Porque não uma tabela de honorários, à semelhança do que ocorre com outras classes profissionais?

Neste caso é apropriado o ditado popular “depressa e bem não há quem”, ou, por outras palavras, “depressa e barato alguém fica a perder”.

Normalmente os mais vulneráveis!
  

PS.: Louve-se a atitude dos tribunais que permitem, em regra, que o valor mínimo de uma avaliação sejam 3 unidades de conta!


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