E assim definhou Abelterium…
Numa das três vias que ligavam Olisipo (Lisboa) a Augusta
Emerita (Mérida), situa-se Abelterium (Alter do Chão), edificada pelos romanos.
Os seus ex-libris são o Castelo, mandado erigir por D. Pedro
I, os exemplares arquitetónicos do renascimento, as casas apalaçadas e edifícios do
estilo barroco, a Coudelaria de Alter, fundada por D. João V e dinamizada por
D. José I. Aliás, era daqui o cavalo “Gentil” que serviu de
modelo à estátua no Terreiro do Paço. Mais recentemente, a Estação Arqueológica
de Ferragial D’El Rei.
E o seu imobiliário?
São casas abandonadas, de traça característica do Alentejo, com
portas e janelas tapadas com tijolo, e uma zona industrial desocupada!
Como foi possível chegar a este ponto? Por razões que não
estão diretamente ligadas ao imobiliário:
- Politicas públicas enganosas que levaram à destruição da Coudelaria
de Alter;
- Promessas nunca cumpridas de construção da barragem do
Pisão, que só é assunto do poder central em vésperas de eleições;
- Falta de concertação entre as obras do Estado e as obras
Municipais, aliada ao acesso fácil dos fundos comunitários. Exemplo elucidativo
foi a construção da Zona Industrial. Para a Zona Industrial funcionar, o
IC 13 deveria ter estado pronto na mesma altura e não dez anos depois.
Ou seja, quando existia investimento privado mas não havia
IC13, para facilitar o acesso e aumentar a sua atratividade. Quando apareceu a
IC13, muitos anos depois, já não existia investimento privado.
- Aposta dos sucessivos executivos camarários na execução de
habitação nova, ao longo dos anos 90 e início do novo século, só tardiamente
invertida. É certo que as questões da reabilitação urbana só nos últimos anos foram
moda.
- Estratégia inexistente de promoção turística do concelho
Como inverter a situação?
- Despolitização das questões que gravitam à volta da Coudelaria
de Alter e investimento na sua reorganização e gestão. Investir na Coudelaria
Nacional não é um investimento keynesiano. Representa vendas, representa
internacionalização, representa turismo. Porque não a sua concessão a privados,
por um período de tempo que assegure a sua rentabilidade, com um caderno de
encargos exaustivo e exigente?;
- Construção da barragem do Pisão e irrigação das terras do
norte alentejano. A freguesia de Seda, no concelho de Alter do Chão, é um
exemplo de que a água é um fator de promoção da agricultura. Existem extensões
imensas de olivais e de vinhas, também acompanhadas de uma unidade produtora de
leite de nível internacional;
- Promoção de uma verdadeira estratégia para o turismo, conceção
de eventos culturais que possam ter um efeito “âncora” e acabar com as
festinhas de artistas de gosto duvidoso. É preciso procurar os turistas, chamá-los,
e não esperar que estes se lembrem que Alter do Chão existe;
- Reabilitação do património imobiliário virada para o
alojamento local.
E assim o imobiliário em Abelterium agradecerá!
Sem comentários: