Pequenos-almoços do imobiliário
Estivemos no “Pequenos-almoços do imobiliário” no passado dia 6 de junho, numa organização da Vida Imobiliária. Foi uma sessão muito interessante e aqui queremos dar nota de alguns temas que foram abordados.
Foram intervenientes Pedro Baganha, da Câmara do Porto, Francisco Ferreira Lima, da Caixa Geral de Depósitos, Ricardo Guimarães, da Vida Imobiliária e ainda Ricardo Sousa da Century21.
Pedro Baganha abordou a temática do novo Plano Diretor Municipal (PDM), sem antes ter deixar uma nota de esperança quanto ao que pode ser uma diminuição dos sinais de desertificação da cidade. Referiu como pequenos indicadores desta esperança o aumento do número de contadores de água e também do número de recenciados nas últimas eleições, comparativamente com as eleições anteriores.
Quanto ao novo PDM, estabeleceu a sua visão em quatro eixos: atratividade, coesão, dinâmica e sustentabilidade.
Para o orador é importante que o Porto seja uma referência entre as cidades médias europeias e que reforce a centralidade da cidade em relação à área metropolitana. Salientou que uma maior atratividade só acontece com um aumento demográfico assente na fixação de população jovem e no preparar da cidade para ser amiga da terceira idade.
A coesão passa pela vertente social, de uma cidade inclusiva para os mais desfavorecidos, numa sã convivência com os mais favorecidos, e também por uma vertente territorial. Lembrou que 13% da habitação é propriedade do município, um rácio 6 vezes superior à média nacional.
Avançou que o dinamismo só se consegue com uma matriz cosmopolita, com uma diversificação da oferta de emprego e com uma atividade económica diversificada, onde convivam, por exemplo, o turismo, os serviços e a Academia, como polo da criação de conhecimento.
A sustentabilidade passa por não deixar para as gerações futuras o passivo que agora está a ser gerado. Vão ser tomadas medidas estruturantes no âmbito da mobilidade e do ambiente. Chamou a atenção da assembleia na aposta de uma maior densificação urbana onde já existam condições, com o provável aumento do índice de construção. Deixou um último alerta para o crescente condicionamento ao trânsito automóvel no centro da cidade.
Francisco Ferreira Lima falou de algumas melhorias da CGD no âmbito do crédito hipotecário através de algumas ferramentas, como sejam a “Decisão na Hora” em que para condições “standard” o crédito é aprovado em 48 horas, e no limite de até 10 dias úteis do processo de contratação.
Além de dar a novidade que o “spread” de referência passou para 1.3%, alertou para um ponto muito importante, que é não circunscrever a análise do processo de escolha do crédito bancário à escolha de um “spread” mais baixo mas sim ao MTIC (sigla de “montante total imputado ao consumidor”. O MTIC corresponde ao montante total que o cliente terá de pagar à instituição durante todo o período do empréstimo. Resulta da soma do montante total do empréstimo com os custos do crédito (juros, comissões, impostos e outros encargos). Muitas vezes “spreads” mais altos têm MTIC’s mais baixos!
Chamou ainda a atenção para o Crédito Habitação “Taxa fixa”, que pode ser uma ferramenta importante para a defesa dos investidores quanto a um possível aumento das taxas de juro.
Com Ricardo Gui marãesficamos a perceber a necessidade de utilização das ferramentas da Confidencial Imobiliário (ficamos a saber da valorização “exponencial” dos centros históricos de Lisboa e Porto e a concentração excessiva de tipologias T0 e T1.
Finalizamos com a surpreendente exposição de Ricardo Sousa. Numa altura em que todos vivemos nas nuvens com os preços do imobiliário e com os números das vendas, Ricardo Sousa fez-nos descer à terra, alertando-nos contra o excesso de otimismo que todos estamos a vivenciar.
Falou de oportunismos e especulação, do impacto que as decisões políticas podem causar (na Catalunha e na Century21, entre “antes da independência” e o “depois da independência” houve uma retração de 50% nas transações), que a migração para as periferias está a fazer aumentar o preço dos imóveis, que a banca está financiar mais o crédito à habitação e menos a promoção imobiliária e que o “Loan to value” nas transações mediadas pelas consultora é de 60%.
Foi um pequeno-almoço que quase entrava pela hora de almoço, tal o interesse do evento!
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