E agora, o que vai acontecer aos imóveis?
Bem gostaríamos de escrever os nossos artigos sem fazermos
referências ao SARS-CoV-2 ou à Covid-19. É inevitável que o façamos neste
cenário de pandemia, em que a curva epidérmica ainda tem um comportamento exponencial.
No entanto, o nosso desejo não é possível. O impacto, no imobiliário,
também tem sido exponencial e a avaliação de imóveis vem por arrasto!
Nesta altura em que todas as conjeturas são possíveis, fizemos um
exercício especulativo sobre um possível impacto do “estado de emergência” no
número de transações de alojamentos.
O INE-Instituto Nacional de Estatística permitiu-nos colocar
num gráfico o número de alojamentos vendidos em Portugal desde o primeiro
trimestre de 2009.
Na análise do gráfico verificamos que a quebra na venda de imóveis, na
anterior crise, começou a generalizar-se a partir do segundo trimestre de 2010.
Se transpusermos a diminuição de vendas ocorrida na altura
para a atual crise, teríamos no próximo ano uma diminuição do número de vendas
de 30% (curva laranja).
Uma questão que se pode colocar é se a diminuição de vendas vai ser só desta dimensão, se o for, se é acomodada ao longo de um ano ou ainda se vamos ter um decréscimo abrupto.
Outra curiosidade que o INE nos mostrou é que neste momento 85%
dos imóveis vendidos são usados. Isto acontece desde 2017.
Tem-se especulado muito que a atual crise vai transportar
muitos imóveis do Alojamento Local para o mercado de arrendamento tradicional.
Entre todas as razões que são trazidas a debate ainda não li reflexões sobre o
facto de os imóveis de Alojamento Local estarem preparados para arrendamento
tradicional.
A nossa experiência de perito avaliador de imóveis mostra que grande parte da
reabilitação urbana nos centros das cidades foi feita para o mercado de
tipologias até T1.
São estas as tipologias que o mercado de arrendamento
tradicional necessita?
Não vamos voltar a assistir a centros de cidade sem
pessoas?
É que existe muita construção nova em “pipiline”!
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