O que faz atrasar os relatórios de avaliação

Hoje peço a atenção dos leitores para um artigo que encontrei na revista “Property Journal”, do RICS, intitulado “What is delaying valuation reports?”, escrito por Stephen Todd MRICS. Este artigo analisa as causas da falta de eficiência no envio de relatórios para empréstimos garantidos e como estes problemas podem ser mitigados.

 

(A propósito, informar que o RICS disponibiliza, online, um conjunto de revistas muito interessante para a atividade do perito avaliador de imóveis:

 

-Property Journal

-Land Journal

-Counstruction Journal

-Built Environment

-MODUS)

 

Regressando ao artigo, talvez começar pela parte final do mesmo, quando aborda o futuro:

 

“I firmly believe that physical inspections are never – even in the medium to long term – going to be replaced by automation. I cannot see a lender accepting an automated valuation of a commercial property, especially in the secondary or tertiary sectors, as their data-led approach cannot cover the structural issues, condition, local context and so on that a valuer is able to capture with an inspection. There will continue to be a need for valuers and their experience so a lender can get the correct security decision.”

 

(Acredito firmemente que as inspeções físicas nunca – mesmo a médio e longo prazo – serão substituídas pela automação. Não consigo ver um credor a aceitar uma avaliação automatizada de uma propriedade comercial, especialmente nos setores secundário ou terciário, pois a sua abordagem baseada em dados não pode cobrir as questões estruturais, condição, contexto local e assim por diante, que um avaliador é capaz de captar com uma inspeção. Continuará a haver necessidade de avaliadores e da sua experiência para que um credor possa obter uma decisão segura e correta.)

 

Achei esta conclusão muito interessante, pois no contexto atual do mercado português da avaliação para crédito hipotecário, em que os peritos avaliadores de imóveis estão a exigir melhores remunerações, pairam umas nuvens negras que suscitam a necessidade de existir esta subclasse profissional.

 

Quanto às questões que fazem atrasar a entrega dos relatórios de avaliação, o autor estrutura-as em quatro capítulos:

 

-Tecnologia

No caso português, a evidente falta de bases de dados e de comunicações entre bases de dados. As bases de dados existentes não são oficiais (não são resultantes, por exemplo, de informações dos registos e notariados) e são exorbitantemente caras para o avaliador imobiliário que trabalha de forma isolada.

 

-Due diligence

Os avaliadores precisam fazer pesquisas que muitas vezes dependem de terceiros, além do dever de vistoriar cada imóvel em avaliação e também de recolher e investigar informações para realizar a avaliação e redigir o relatório.

Este é um processo demorado, e algumas etapas podem demorar ainda mais quando precisamos pedir informações a terceiros nem sempre nos respondem em tempo útil. 


-Elaboração do relatório de avaliação.

Não recurso a ferramentas informáticas que permitem a agilização da elaboração do relatório.

 

-Desafios sociais e económicos

(Quem dera!)

Transcrição:

“There are few new surveyors coming through the system who are experienced in commercial valuations, and as such valuers' wages have risen due to lack of supply. Along with rising professional indemnity insurance costs, this is putting increased financial pressure on valuation firms. If that isn't enough, clients tend to select the cheapest quote from among similar companies competing to win work.”

 

Tradução do autor do blogue, com ajuda ao “Google Tradutor”:

“São poucos os novos avaliadores que passam pelo sistema com experiência em avaliações comerciais e, como tal, os salários dos avaliadores aumentaram devido à falta de oferta. Juntamente com o aumento dos custos de seguro de responsabilidade civil profissional, isso está aumentando a pressão financeira sobre as empresas de avaliação. Se isso não for suficiente, os clientes tendem a selecionar a cotação mais barata entre empresas semelhantes que competem para ganhar trabalho.”

 

Nem a propósito…


João Fonseca | Perito Avaliador de Imóveis


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