Custos da construção e o Código das Expropriações
Este tema tem sido recorrente neste blogue.
Volto novamente a ele por dois motivos:
-porque sabemos que os custos
de construção têm tido, nos últimos anos, aumentos substanciais;
-porque os custos de construção, a bem ou a mal, têm um
impacto decisivo no valor das indemnizações por utilidade pública.
No Código das Expropriações é utilizado o custo da
construção por m2 de área
útil.
Como é que os peritos das entidades expropriantes e alguns
peritos da Lista Oficial do Ministério da Justiça encontram o custo da
construção por m2 de área útil? A partir dos montantes fixados
administrativamente para efeitos de aplicação dos regimes de habitação a custos
controlados ou de renda condicionada, ou seja, de um Decreto-Lei que já foi
revogado em 2014 (Decreto-Lei
n.º 329-A/2000, de 22 de dezembro).
Dado que a legislação foi revogada, o perito avaliador de imóveis das entidades
expropriantes e alguns peritos da Lista Oficial do Ministério da Justiça
atualizam o último valor conhecido (801,06 €/m2 área útil, para a cidade do
Porto) pelo índice de preços no consumidor. Este valor, atualizado para 2021,
será de 842,2 €/m2 de área útil.
Salvo melhor opinião, na prática quererá dizer que o custo
da construção será de 758,18 €/m2 de área bruta de construção (nestes custos
estão incluídos custos de projetos e taxas camarárias).
Nos primeiros meses deste ano, a Confidencial Imobiliário,
em parceria com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, lançou o
Sistema de Indicadores de Custos da Construção. Quer uma quer outra entidade é
insuspeita no que toca a imparcialidade e à qualidade dos seus trabalhos.
Tive a curiosidade de espreitar qual o valor do custo de
construção, sem IVA, para o concelho do Porto, e a média dos custos de
construção é de 1.237€/m2 de área bruta de construção.
O custo da construção que tem sido considerado no Código das
Expropriações é quase 40% abaixo do valor do custo da construção no mercado
imobiliário
O tema dos custos de construção nos processos expropriativos
merece ser seriamente discutido.
Ou não será melhor fazer uma nova legislação do Código das
Expropriações?
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