Impacto da diminuição da esperança média de vida na avaliação de imóveis

João Fonseca | Perito Avaliador de Imóveis

Tem sido noticiada que a esperança média de vida está a recuar. A pergunta que se coloca, do ponto de vista do perito avaliador de imóveis, é se a diminuição da esperança média de vida tem consequências na avaliação de imóveis.


(Aviso: este artigo vai ser frio e insensível, mas as coisas são como são!)


A resposta à pergunta é, em termos teóricos, muito clara: sim, a diminuição da esperança média de vida pode fazer aumentar o valor dos imóveis!


Talvez com um exemplo possamos explicar melhor a nossa visão (e creiam que é verdade, os peritos avaliadores de imóveis utilizam mesmo esta técnica).


Suponhamos que vamos contratar um avaliador imobiliário para avaliar um apartamento que tem um inquilino com a idade de 75 anos, que paga uma renda abaixo da renda de mercado.


(Aqui é que entra a insensibilidade. A propósito, os peritos avaliadores de imóveis têm de ter uma resiliência muito grande, pois lidam com casos, muitas vezes, dramáticos).


Como procedemos?


(Agora o avaliador vai pensar alto!)


“Bem, o apartamento vai ter uma renda abaixo da renda de mercado enquanto o inquilino for vivo. Quando o inquilino morrer, passa a existir uma renda de mercado."


E daqui a quantos anos é que o inquilino vai “deixar” o apartamento? Até à esperança média de vida!


Cabe aqui recordar que se deve refletir na estimativa o risco de o inquilino viver para lá da esperança média de vida, o que se deseja.


Portanto, quanto menor for a esperança média de vida, menor é o número de anos que o senhorio recebe rendas de menor valor e maior é o número de anos que o senhorio recebe uma renda de mercado. Assim sendo, o valor do imóvel é maior!

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