Evolução dos múltiplos na avaliação de hotéis
Na avaliação de unidades hoteleiras pelo método dos múltiplos, o perito avaliador de imóveis certificado utiliza o rácio EV/EBITDA (Enterprise Value sobre Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization) tem sido amplamente utilizado como referência para medir o valor da empresa em função da sua capacidade operacional. Este múltiplo assume especial relevância no setor da hotelaria, onde os ativos são intensivos em capital e sujeitos a ciclos de mercado voláteis.
Mesmo com uma descida gradual desde esse máximo, os múltiplos mantêm-se elevados face à mediana histórica de 11,345x. Em 2022, registou-se um valor de 20x; em 2023, 15,5x; e para 2025 projeta-se 12,35x — ainda acima da mediana. Esta evolução poderá indiciar uma reavaliação estrutural do valor atribuído às empresas, influenciada por fatores como o aumento do custo de capital, o ajustamento das taxas de juro e a incorporação de expectativas de crescimento mais robustas em determinados setores, incluindo a hotelaria.
Contudo, este movimento deve ser interpretado com prudência. A aplicação direta de múltiplos setoriais elevados pode conduzir a avaliações distorcidas, sobretudo em ativos com fraca comparabilidade, baixa liquidez ou dependência significativa do mercado local. Além disso, é essencial distinguir entre múltiplos observados em transações de empresas cotadas (com prémios de escala e de liquidez) e os que seriam razoáveis para ativos hoteleiros de pequena ou média dimensão.
Assim, ao utilizar o múltiplo EV/EBITDA como referência na avaliação de um hotel, é prudente considerar não apenas os valores médios ou medianos do setor, mas também realizar ajustamentos específicos ao contexto do ativo. Recomenda-se a análise de transações comparáveis, a consideração do ciclo económico e, sempre que possível, a conjugação desta abordagem com métodos complementares, como o rendimento (DCF) ou o custo de substituição.
Apesar do crescimento dos múltiplos EV/EBITDA europeus nos últimos anos, a sua aplicação na avaliação de hotéis deve continuar a ser criteriosa, refletindo as especificidades do ativo, do mercado e do investidor-tipo, sob pena de se incorrer em sobreavaliações dificilmente sustentáveis em contextos de normalização macroeconómica.

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