Esperança de vida e a avaliação de imóveis

No semanário Expresso de 25/7/2020 noticiava-se que a esperança de vida está a recuar. Um estudo de Oxford estimava a perda de dois anos de vida em Inglaterra e Gales, não se sabendo se existiria recuo da esperança de vida em Portugal.


A pergunta que se coloca, do ponto de vista do perito avaliador de imóveis, é se a diminuição da esperança de vida tem consequências na avaliação de imóveis.


(Aviso: este artigo vai ser frio e insensível, mas as coisas são como são!)


A resposta à pergunta é, em termos teóricos, muito clara: sim, a diminuição da esperança de vida, com consequência na diminuição da esperança média de vida, pode fazer aumentar o valor dos imóveis!


Talvez com um exemplo possamos explicar melhor a nossa visão (e creiam que é verdade, os peritos avaliadores de imóveis utilizam mesmo esta técnica).


Suponhamos que vamos contratar um avaliador imobiliário para avaliar um apartamento que tem um inquilino com a idade de 75 anos, que paga uma renda abaixo da renda de mercado.


(Aqui é que entra a insensibilidade. A propósito, os peritos avaliadores de imóveis têm que ter uma resiliência muito grande, pois lidam com casos, muitas vezes, dramáticos).


Como procedemos?


Esperança de vida e a avaliação de imóveis

(Agora o avaliador vai pensar alto!)


“Bem, o apartamento vai ser uma renda abaixo da renda de mercado enquanto o inquilino for vivo. Quando o inquilino morrer, passa a existir uma renda de mercado.


E daqui a quantos anos é que o inquilino vai “deixar” o apartamento? Até à esperança média de vida!


Cabe aqui recordar que se deve refletir na estimativa o risco de o inquilino viver para lá da esperança média de vida, o que se deseja.”


Portanto, quanto menor for a esperança média de vida, menor é o número de anos que o senhorio recebe rendas de menor valor e maior é o número de anos que o senhorio recebe uma renda de mercado. Assim sendo, o valor do imóvel é maior!


2 comentários:

  1. E só porque estou com um caso semelhante em mãos, dei com a publicação do INE de 20 de maio de 2020, com as tábuas de mortalidade para 2017-2019. A conclusão sobre a esperança média de vida em Portugal justifica, talvez, rever o artigo, já que esta aumentou. A conclusão a que chegou, naturalmente, não se altera. Obrigado pela perseverança na partilha destes artigos.

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    1. Agradeço a simpatia das suas palavras.
      Cumprimentos
      João Fonseca

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