Alterações à noção de máxima e melhor utilização
Vamos fechar o tema “Congresso da
ASAVAL” com as duas questões que nos chamaram mais a atenção, em todas as
palestras e debates.
Os temas são “Highest and Best
Use” (Máximo e Melhor Uso ou Máxima e Melhor Utilização) versus “Hope Value”
(Valor Especulativo) e os honorários que são pagos na avaliação imobiliária.
Este último tema deverá fazer
corar de vergonha alguns “players” da fileira da avaliação de imóveis,
nomeadamente para crédito hipotecário. Aqui é de louvar a ação da ASAVAL, que em todas as suas organizações traz
este tema a debate, defendendo a classe dos peritos avaliadores de imóveis.
Quanto ao primeiro tema,
registamos a incorporação do “Highest and Best Use” na noção de valor de
mercado, nas próximas EVS 2000. A novidade foi apresentada por Krzysztof Grzesik, Presidente do TEGoVA:
“The concept of ‘Highest and Best Use’ (HABU)
is integral to Market Value and is characterised as the use of a property that
is physically possible, reasonably probable, legal or likely to become so, and that results in the highest value of a
property at the data of valuation”.
O “Hope Value” passará a fazer parte da noção
de “Highest and Best Use” (…or likely to become so) e, por sua vez, o “Highest
and Best Use” deixará de ser um pressuposto especial, para as EVS 2000.
A máxima e melhor utilização do
ativo é aquela que maximiza o seu potencial, tendo em conta que este seja
possível, seja legalmente admitido e financeiramente viável. Esta premissa pode
ser alcançada quer pelo uso continuado do imóvel quer por um uso alternativo.
(Ver artigo “Máxima
e melhor utilização”).
O “Hope
Value” (Valor Espectável) distingue-se do uso alternativo porque contempla
situações que poderão não ser admissíveis à data da avaliação, como, por
exemplo, utilizações possíveis do imóvel que possam ser desbloqueadas por
modificações que o alterem, quer sejam novos licenciamentos, infraestruturas
relevantes, evoluções do mercado ou outras possibilidades. Deste modo, o Valor
de Mercado de uma propriedade pode refletir qualquer Valor Expectável (Hope
Value).
Quanto ao segundo tema, fomos
surpreendidos na apresentação de Alexandre Weber, do
IVD, com os honorários pagos na Alemanha aos peritos avaliadores de imóveis:
-Apartamentos e moradias:
600€-750€
-Casos complexos (propriedades de
rendimento, comércio e industria): 1.300€-1.550€
-Reavaliações (pagas numa base de
80€/hora): 300€-750€
Nem a propósito, mais tarde, Tiago dos Santos Matias, Diretor
do Departamento de Supervisão da CMVM, confidenciava à plateia que em
Portugal 48% das avaliações são pagas entre 50€ a 100€.
Apostamos nós que neste intervalo
[50€;100€] a maior parte delas estão no limite inferior.
Concordam connosco que alguém
deverá estar um pouco corado de vergonha?
Mas também é verdade o ditado
popular “Quem não está bem, põe-se”. Isto é aplicável a qualquer perito avaliador de imóveis!
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